Embalagens para Alimentos Para Animais de Estimação
Os fabricantes de ração para animais de estimação gastam enormes quantias de dinheiro em análises de mercado, tendências de propriedade de animais de estimação, exigências e educação dos consumidores. Até uma pequena alteração na formulação ou na publicidade de uma ração pode gerar ou custar milhões de euros ao fabricante, e a indústria de alimentos para animais está constantemente a mudar.
Os novos produtos focam-se na atratividade, conveniência e especialização, e atratividade significa não apenas rótulos sofisticados e melhor palatabilidade, mas também aproveitar a popularidade de dietas humanas da moda para vender ração, desde dietas vegetarianas para cães até dietas ao estilo Atkins para cães obesos.
A embalagem da ração para animais não só protege o alimento, como também é uma oportunidade para o fabricante realizar uma venda. A embalagem é um dos primeiros pontos de marketing que os potenciais clientes vêm, e embalagens que aumentam a conveniência, como recipientes de fecho fácil ou tampas removíveis, também podem fazer um produto destacar-se entre os concorrentes.
As tendências de consumo são o maior fator de influência na embalagem. Por isso, a embalagem é uma das principais áreas de investigação para as empresas de ração para animais e, dependendo do número de cores, gráficos e impressão, pode até ser o item mais caro. Muito mais cara que o alimento que contem!
Especialistas e pessoas com doutoramentos em engenharia estão ocupados a desenvolver e testar materiais e designs de embalagem, e esses custos são, em última análise, repassados ao consumidor.
Consumir antes de...
Todas as embalagens de ração para animais contêm uma data de consumir antes de impressa na embalagem, que indica a data após a qual a qualidade dos ingredientes provavelmente terá diminuído, resultando numa alimentação menos nutritiva. Nos alimentos humanos, a vida útil pode variar amplamente, mas os alimentos secos e petiscos podem manter a sua qualidade por semanas ou até anos. Isto depende principalmente dos conservantes usados, da qualidade da embalagem e das condições de armazenamento. Já a comida enlatada tem um prazo de validade muito maior e pode, geralmente, manter a sua qualidade por dois a cinco anos a partir da data de enlatamento. Embora seja exigido uma data de validade nas embalagens de alimentos para animais, não é exigido que as empresas de ração indiquem a data de fabrico, o que significa que a data de validade não informa exatamente a idade do alimento ou há quanto tempo ele está na prateleira.
Oxidação das rações
À medida que a embalagem de ração para animais é investigada e melhorada, os sacos de papel e caixas de cartão tradicionais foram substituídos por recipientes de polietileno de alta densidade e sacos plásticos, que são resistentes à luz UV. As novas embalagens incluem ainda barreiras contra gorduras, que podem conter um antioxidante sintético que previne a oxidação e o ranço das gorduras, mas uma vez que o saco é aberto, as gorduras oxidam muito mais rápido.
A oxidação ocorre quando os químicos dos alimentos entram em contacto direto com o ar e, mais especificamente, com moléculas de oxigénio. A oxidação causa alterações na composição química dos alimentos, podendo destruir vitaminas e causar problemas renais e hepáticos, falhas reprodutivas e até cancro. A oxidação também pode levar a contaminação por bolores e bactérias. Cada vez que um saco ou lata de comida é aberto, a quantidade de oxidação aumenta, assim como os riscos potenciais para a saúde. Gorduras e óleos são especialmente suscetíveis à oxidação, em particular as gorduras polinsaturadas, os ácidos gordos ómega-3 e ómega-6. Quando as partículas de gordura oxidam, quebram-se em compostos menores, como o aldeído, que pode danificar proteínas, ADN e outras estruturas celulares.
As gorduras polinsaturadas (PUFA) são vulneráveis aos danos oxidativos porque contêm duas ou mais ligações duplas, sendo o carbono entre estas ligações duplas mais suscetível à oxidação. Em comparação, as gorduras saturadas não são tão vulneráveis, pois não têm ligação de carbono, enquanto as gorduras insaturadas têm uma ligação de carbono, o que as torna mais suscetíveis à oxidação, mas não tanto quanto as PUFA, que contêm várias ligações.
A maioria das rações para cães contém níveis elevados de gorduras e vitaminas lipossolúveis, como A e E, e muitas rações também têm ácidos gordos ómega adicionados diretamente. As gorduras representam, assim, um desafio específico nos alimentos secos para animais.
Antioxidantes
Para proteger os alimentos de ranço, são utilizados antioxidantes nas rações para retardar a taxa de oxidação das gorduras. Antioxidantes também podem ser adicionados para proteger as células do cão ou gato contra danos causados pelos radicais livres das gorduras oxidadas da ração.
Os antioxidantes usados como conservantes não trazem benefícios para o animal que os consome, apenas para o alimento. Se um antioxidante for usado, as diretrizes da AFFCO ou FEDIAF exigem o nome comum do antioxidante na embalagem, juntamente com a referência de que é utilizado como conservante.
Os antioxidantes podem ser naturais ou artificiais. Os antioxidantes artificiais incluem BHA (butylated hydroxyanisole ou E320), BHT (butylated hydroxytoluene ou E321), etoxiquina (ou E324 e na EU já não é permitida) e TBHQ (tertiary butylhydroquinone ou E319). Estes são usados para prolongar a vida útil dos alimentos para animais e impedir a oxidação das gorduras. No entanto, a maioria das rações de maior qualidade existentes na Europa já deixou de usar estes químicos e use apenas naturais.
Uma boa notícia para os donos de animais de estimação na Europa é que a etoxiquina, ou E324 (que já foi um dos antioxidantes artificiais mais utilizados em alimentos para animais e tem uma longa história de associações com reações alérgicas, doenças de pele, problemas de comportamento e condições ainda mais graves) foi "suspensa" pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos em Abril de 2017, com base na possibilidade de causar danos ao ADN e levar a mutações celulares. No entanto, esta é apenas uma suspensão e não uma proibição, o que significa que a etoxiquina poderá eventualmente voltar a ser utilizada. Fora da UE, a etoxiquina ainda é amplamente utilizada.
Tanto o BHA quanto o BHT são considerados seguros quando utilizados em níveis específicos. No entanto, ambos os conservantes artificiais foram associados ao cancro em animais de laboratório. O BHA é classificado como "provavelmente cancerígeno para humanos" pelo Programa Nacional de Toxicologia, e a União Europeia classifica-o como um desregulador endócrino. Em doses mais elevadas, pode reduzir a hormona tiroideia tiroxina e até afetar a reprodução. Agora, o BHT, que é um “primo químico” do BHA, funciona em sinergia com ele, e os dois compostos são muitas vezes usados juntos. O BHT não é listado como cancerígeno, mas alguns dados ligam-no ao cancro em animais de laboratório, bem como a defeitos de desenvolvimento e alterações na tiroide, o que sugere que também pode ser um desregulador endócrino.
O TBHQ é derivado do butano. Pensa-se que os cães são mais sensíveis ao TBHQ do que os humanos, e os estudos sugerem que existe uma ampla margem de segurança entre a dose tóxica e a segura. Novamente, os estudos de toxicologia não foram feitos por mais de um mês, portanto, a segurança do TBHQ ainda é questionável. Doses elevadas e prolongadas de TBHQ em animais de laboratório mostraram uma tendência a desenvolver alterações pré-cancerígenas no estômago e até danos no ADN.
Algumas rações para animais utilizam conservantes menos controversos, como a vitamina E, geralmente chamada de tocoferóis mistos. Embora sejam menos tóxicos do que os seus homólogos artificiais, têm uma menor duração de prateleira e, por serem também sintéticos e não baseados em alimentos, apresentam algumas questões únicas. Estes chamados antioxidantes naturais também são mais suscetíveis ao calor e ao processamento, e retêm apenas 20% da sua eficácia após o processamento dos alimentos. Portanto, os alimentos necessitam de níveis mais elevados de antioxidantes naturais em comparação com os sintéticos.
Alguns dos antioxidantes mais comuns incluem tocoferóis mistos, como mencionado anteriormente, que são tecnicamente sintéticos, sendo isómeros da vitamina E extraídos de óleos vegetais e gordura reciclada de restaurantes. O tocoferol mais eficaz é o gama-tocoferol, derivado de grãos de cereais e óleos. Pode-se também encontrar extrato de alecrim, que é o resíduo oleoso derivado das folhas da planta de alecrim. O extrato de alecrim previne a oxidação de gorduras e protege os sabores. Contudo, a maioria das indústrias utiliza solventes como acetona, hexano ou metanol para extrair o óleo. O extrato de alecrim é adicionado à gordura como uma pré-mistura, que pode também conter tocoferóis mistos, ácido cítrico, emulsionantes e um óleo vegetal como suporte.
O ácido cítrico ou ácido sórbico são formas sintéticas de vitamina C usadas também como conservantes ou antioxidantes. São produzidos através da fermentação de açúcares crus. Ambos são geralmente considerados seguros e usados tanto na indústria de alimentos humanos quanto para animais de estimação, mas acredita-se que o ácido cítrico está ligado ao inchaço em cães, especialmente quando o granulado é embebido em água, embora isso ainda não tenha sido completamente comprovado. J
Em vez de vitaminas e minerais sintéticos, alguns alimentos para animais mais naturais escolhem usar frutas que naturalmente contêm ácido cítrico, como arandos, mirtilos ou maçãs, uma opção muito mais saudável.
Como armazenar a ração?
Quando se trata de conservar alimento seco para animais de estimação, é importante saber que as datas de validade se aplicam apenas a sacos fechados. Uma vez que o saco é aberto, grande parte do valor nutricional do alimento é perdido após seis semanas. Assim, não é uma boa ideia comprar sacos grandes para poupar dinheiro. Quanto mais natural o conservante, mais curta é a vida útil do alimento e mais rápido ele oxidará. Portanto, é importante ter em mente isso quando o saco é aberto. Dado que uma grande parte do custo da ração é destinada à embalagem, o alimento deve ser mantido na embalagem original e não armazenado num recipiente de plástico. A embalagem é realmente eficaz em manter o oxigénio e a humidade fora do alimento, enquanto os recipientes de plástico podem permitir a entrada de oxigénio. As gorduras residuais também podem acumular-se nas laterais do recipiente com o tempo, tornar-se rançosas e contaminar o novo alimento colocado no recipiente. Os recipientes também aumentam o risco de contaminação por fungos e bactérias, e sempre que o saco ou o recipiente de comida é aberto, oxigénio e humidade entram. Portanto, é uma boa ideia espremer o máximo de ar possível do saco e aplicar um clip no saco depois de o usar.
Idealmente, a ração seca para cães deve ser armazenada a temperaturas inferiores a 21ºC e com uma humidade inferior a 15%. Flutuações de temperatura causam condensação e mofo, e congelar a ração pode adicionar humidade. O manuseio inadequado da ração para animais pode levar à formação de mofo e micotoxinas, ao crescimento bacteriano e, finalmente, à oxidação.
Os fabricantes de alimentos enlatados também estão a aproveitar as novas tecnologias, substituindo as latas tradicionais por tampas de anel, tampas removíveis, bandejas e até saquetas. Os alimentos enlatados são um pouco diferentes, pois são protegidos da oxidação, o que explica o prazo de validade mais longo em relação aos alimentos secos. No entanto, lembra-te de que, uma vez aberta a lata, o alimento deve ser consumido dentro de três dias.
Referências
Material de estudo do curso Pet Food Nutrition Specialist, DNM University
Artificial preservatives and antioxidants in dog food, All about dog food.co.uk